6.08.2013

V3.

vínhamos órfãos das lições
atrasados nos relógios
perguntava-me
que fazes com essa cara posta
a arrumar as calculadoras desapertadas do lítio das pilhas
no saco do alpiste de alimento para o curió
muito desajeitada das certezas da cabeça
os cálculos desligados da sua função confusa
encontrávamos quem nos ameaçava de coisas
com as mãos a servirem de armas nervosas
para que mostrássemos quem eramos de uma vez
se homem se outro assunto
se mulher ou ainda não e tão melhor assim
haviam vezes de não sermos ninguém que valesse a pena
partíamos atestados por um diploma (de cobardia habitual, e.g.)
eu ia ajeitando a distribuição de tarefas nos dedos
como tornar-me apto
a arrancar os espigões com uns olhos
ela apertava os fios de ródio justos ao pescoço
com uma convicção de criar sangue
rompia a pele e vertia-se algum (de forma figurativa)
dizia-me
que uns olhos são esses
porque andava enfadonho como doente da comida
experimentávamos a conectividade ao chegar a casa
e não havia rede junto às gaiolas
era sítio de só liberar a sua prisão convencionada
servíamos a água toda molhada dos dedos
o alpiste envenenado pela oxidação do lítio
os pássaros que já não existiam de maneira certa
a sofrerem febres patéticas
arruinavam-se de cheiro a matemática no bico
que fizeste aos bichos
a descascar o sangue seco do pescoço
o ródio colonizado por dentro.

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