2.10.2013

XIX (III).

vinha de farpa posta e excessiva
com uns odores sérios que entende
montada de égua ou fossa e sarna
dizendo azedos e um nojo que lhe cabiam
nascidos nos pesos da dor como próprios
disso
conta-me os elevadores que apanhávamos
para onde
tinhas verniz e idade nas unhas
eu era de cinco
coçava-se de umas doenças que a tornavam amarga
arrumava os olhos em canto fundo
ainda que outros no lugar deles
para desconfiança nenhuma
acredito
não suportavas o meu azedo de leite
a minha altura de menor gente
mas já mais velho sem que soubesses
a sofrer pessoas por dentro
dores de um povo inteiro que se desonerou
a caber-me o ofício
por isso
descobri-lhe a morada no prédio
envernizei-me de uma honra que admiravas
calçei os pés de um padastro
obriguei-te à filha que não tiveste
queixei-me de uma fome que me custava preço
encontrei os postiços da melhor pessoa que invento
os salários escuros de quem habito
as rendas de uma mágoa que aprendi
servi-me dos talheres como das cunhas
e das penitências como dos vinhos
peguei-te as sinas de péssimo e pior outro
e as fraudes todas que mereço
olhavas-me de magreza enfiada
higiénica dos sítios menores
rezei para que te coubessem castigos
alguns como
uma perna que deixasses de ter
o meu cinzeiro devolvido
o teu útero desfeito e emoldurado
admito
era hora de ponta no elevador das cinco.

Nenhum comentário: