12.31.2013

que só lhe duvidem do valor.

era de uma saúde muito estúpida
doíam-lhe as maneiras de dizer certas coisas
e tão mais as erradas
tanto que se calava ou fazia da boca
uma coisa que só nos calhou na cara porque havia de ser triste
tê-la ainda mais longe da cabeça
a falar de um canto do corpo sobre as razões da outra ponta
mas com isto digo que a lonjura lhe parecia ainda particularmente comprida
era pessoa de parecer ter vindo para ser outro assunto
como elaborando conspirações para maçar a preguiça dos outros
derrubar-se a si mesma para instaurar o seu próprio regime
gente de andar de costas mais voltas para a cabeça do que o resto
o olhar enfrentado para a frente e as costas bem colocadas para trás
como é comum mas mais ainda
um esforço para que os olhos esqueçam de estar postos no sítio e avancem
as costas atiradas para trás das costas numa pressa de pontaria
havia de calhar ser quem merecia tanto
indisposta do ofício minúsculo de si
tanto emprego da vida em não pertencer à moleza e ao morno
que haveria de ser tão duro e cheirar a esturro
e quem mereces ser e tanto
inquiri-lhe
para que não me respondesse nunca mais
que coisa tão séria merecia ser gente tão estranha
tão certamente algo de muito grave ou patético
mas vou achando ainda que andarmos tortos para a nossa cara é sobretudo torto
andar de cabeça tão para a frente e o que carregamos ficar tão para trás
as costas tão feitas para aguentar sem que os olhos reparem
quando a cabeça deve estar disposta a quantos olhos não se passem sobre as costas
o peso de costas que devemos à cabeça
julgo com muita pena que não me havia respondido por nunca acharmos boca para dizer
o que eu mereço ser e tanto é tão pouca coisa que se fosse precisa chegava a ser nada
não me havia respondido e assim mo disse
se não mereço grande coisa é por um tamanho apenas
um somente longo que haverá de ser o de não merecer nada.

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